Saudades do meu velho

               Dia destes postei um texto que achei na net sobre pais. Na verdade eu estava buscando uma imagem que não tinha nada a ver quando me deparei com ele.

               Achei aquele texto perfeito, pois, acredito ser exatamente assim que os filhos enxergam seus pais. No começo da vida, o nosso herói; na adolescência, um estorvo; um pouco mais maduros, um sábio; e quando realmente o entendemos, infelizmente, SAUDADES...

                Meu velho era uma figura única. Pessoa de pouca escolaridade, mas de um saber imenso. Nunca usamos dicionários em minha casa. Pra que? Era só perguntar pra ele ( “mandava” bem demais com as palavras). Atlas? Coisa totalmente supérflua para nós. Meu velho conhecia o mundo sem nunca ter podido ter a chance de viajar a outros países.

               Na cozinha era um gênio. Fazia doce de qualquer coisa que tivesse ao alcance das mãos, e sem nunca ler uma receita (ele não precisava), na verdade, cozinhava muito bem qualquer coisa que quisesse, doce ou salgada (fazia inveja em qualquer chef).

               Um poeta de pouca escolaridade, mas pobres de nós universitários perto dele (um dia posto algumas de suas poesias por aqui).

               Mas acima de tudo, um coração como poucos conhecerão. Aprendi o sentido de caridade e amor ao próximo com ele, não com padres, pastores ou qualquer um que vive pregando estas palavras. Não! Meu pai não as pregava! Ele as praticava! E fazia isto da forma mais discreta possível.

               Nunca fez parte de nenhuma fraternidade voltada para estes fins. Fazia por iniciativa própria. Sem alarde, na calada, na miúda (expressão usada por ele).

               Com ele aprendi algo muito importante: “o que sua mão direita faz, a esquerda não precisa tomar conhecimento.” Ele fazia o que precisava para ajudar a pessoa e não comentava nem mesmo com a minha mãe, na maioria das vezes.

               Durante a minha adolescência tivemos sérios problemas de relacionamento. Eu o achava chato, quadrado, implicante.

              Com o nascimento do meu primeiro filho, comecei a entender que meu pai não era tão chato assim.

              Quando percebi, repetia as mesmas frases “chatas” que meu velho cansou de me dizer: “Vai estudar! Tem que comer direito! Vai tomar banho! Saí da chuva, menino! Seja mais responsável com suas obrigações! Não se esqueça de Deus em sua vida!”

              Apenas quem tem filhos consegue entender o que estou falando.

              Resumindo: Que falta meu velho me faz... :(