1001
Aproveitando o embalo carnavalesco, vou contar um fato que me aconteceu em uma das festas de Momo (outro mico, pra variar) .
Tínhamos uma amiga que ostentava a seguinte formação dentária: 1-0-0-1! Resultado: apelidamos de “fulana” 1001! Não tinha como não ser, né?
Uma noite meu irmão chegou em casa e me perguntou se eu já havia ficado com a tal 1001 (ficar nesta época era diferente de hoje, era só beijar na boca mesmo). Respondi que não e ele me disse: “Então não beije! Ela não tem mau hálito! Aquilo é um ranço bucal!”
Ouvi aquilo, dei boas gargalhas, mas ficou só nisto mesmo a história naquela noite.
Passaram-se alguns meses e veio o carnaval.
Saí vestido com um vestido de minha mãe. Pulei muito, beijei na boca de umas “moças”, e lá pelas tantas resolvi vir em casa pra trocar de roupa. Lembro-me que pensei: Se vestido de mulher já está bom, imagina depois que me vestir de “homim”!
Corri em casa, troquei de roupa e parti pra luta novamente.
Nem bem entrei na Praça Silviano Brandão, que não época ainda era bonita, com aqueles canteiros e passarelas, e já ouvi alguém me chamando.
Era ela! A nossa amiga 1001.
Até que de resto a danada não era das piores, e até mesmo de rosto dava pra encarar, o problema era a falta de zagueiros na frente da área.
Ela me deu um abraço e me perguntou se eu não a levaria ate perto de casa, pois, já estava tarde e ela tinha medo de passar em certa rua por que era escura.
Tudo bem. Sempre fui metido a cavalheiro mesmo...
Vamos lá! Eu te levo em casa! Falei com pose de porteiro de zona.
Fomos subindo em direção a casa dela conversando muito tranquilamente. Se não me engano o assunto era até sobre uma ex-namorada minha que era muito amiga dela.
Mas sabe como é rapaz novo, né? Na ocasião eu deveria estar com uns dezoito a dezenove anos. Hormônios gritando pelo corpo. E pra cooperar ainda mais, muita cachaça na cabeça. Meus pensamentos já estavam viajando na hipótese de uma “trepadinha” de carnaval, sem mais conseqüências, sem compromisso (nem me lembrava do conselho do meu irmão).
Quando chegamos a tal rua escura pensei: É agora! Quer ver só?
Puxei pelo braço! Ela veio! Mansa com um pardal de igreja! Mansa feito um coelhinho de quermesse! E como dizíamos naquela época: Meti beijo naquela boca!
Foi aí que me lembrei do conselho do meu mano: “...Então não beije! Ela não tem mau hálito! Aquilo é um ranço bucal!”
Puta que pariu! Já era tarde! Sabe quando você passa perto de algo que esta com mau cheiro e sente até o gosto daquilo que o está causando? Pois é...
Terminei o beijo. Encostei a cabeça dela em meu ombro e pensei: Puta que pariu, esta mulher comeu bosta!
Era um cheiro tão forte que virava gosto, se solidificava, nunca havia sentido nada igual em minha vida.
Ela tentava voltar ao ataque, e eu saindo fora, como aquele cara do filme Matrix. Dava cada bote em minha boca. E eu lá só desviando.
Até que consegui desviar de vez e dizer a ela que precisava ir embora. Ela aceitou, em meios a protestos, mas não havia muito que podia fazer. Eu iria nem que fosse a força.
Desci o moro correndo e parei no puteiro que havia ali perto do Viçosense (saudades daquele lugar (rsss)). Entrei e já pedi logo um copo de pinga lavrado na risca, e um Halls preto (tinha que ser um deste pra amenizar as coisas). Fiz gargarejo com a cachaça e coloquei logo três balas na boca.
A noite acabara ali pra mim. Fui embora direto pra casa. Sem vontade ou coragem pra beijar mais ninguém.
Resumindo: nunca esqueça um conselho de um irmão. Você pode sofrer conseqüências amargas. LITERALMENTE!